sexta-feira, 27 de março de 2015

NOSSO COMPORTAMENTO DIANTE DO DESENCARNE












 NOSSO COMPORTAMENTO DIANTE DO DESENCARNE

c.5.1) A Melhora da Morte

O transe era, sem dúvida, melindroso.
A esposa do médium, ao pé dele, não obstante prolongadas vigílias e sacrifícios estafantes, que a expressão fisionômica denunciava, mantinha-se firme a seu lado, olhos vermelhos de chorar, emitindo forças de retenção amorosa que prendiam o moribundo em vasto emaranhado de fios cinzentos, dando-nos a impressão de peixe encarcerado em rede caprichosa.
Jerônimo apontou-a, bondoso, e explicou:
— Nossa pobre amiga é o primeiro empecilho a remover. Improvisemos temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar-lhe a mente aflita. Sômente depois de semelhante medida conseguiremos retirá-lo, sem maior impedimento. As correntes de força, exteriorizadas por ela, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de desintegração. (André Luiz – OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XIII – Pág. 204 – FEB)

— Precisamos fornecer-lhe melhoras fictícias — asseverou o dirigente de nossas atividades, tranquilizando-lhe os parentes aflitos. A câmara está repleta de substâncias mentais torturantes. O Assistente principiou, então, a exercer intensivamente sua influência. (André Luiz – OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XIII – Pág. 205 – FEB)


c.5.2) Como deve ser o comportamento da família perante o desencarne?

“E vós que vos acercais dos sepulcros para lançar sobre os vossos mortos esse perfume da alma que vos corre dos olhos, oh! não choreis mais. Olhais e vereis diante de vós um anjo luminoso, guardando a entrada da tumba. Escutai-o atentamente e ouvireis uma voz amiga que vos diz: “não choreis; aquele a quem buscais não está aqui; caminha à vossa frente; cedo ireis a ele juntar-vos e ele próprio se mostrará aos vossos olhares”. Oh! credes, crede e esperai, vós todos a quem a dor acabrunha, vós que perdeis o que vos são caros. Crede e caminhai para diante com confiança, que bem depressa os vereis.”(J.B.ROUSTAING – OS QUATRO EVANGELHO - Tomo 3 - pág. 490)

“Cada tempo da criatura na Terra se caracteriza por determinada grandeza, que não será lícito falsear. ...Não julgues que ames a alguém sem que lhe compreendas as necessidades de cada período da existência. A isso nos repostamos a fim de que ajudes positivamente aos seres queridos que te precederam na grande romagem da desencarnação. Sem dúvida, agradecem eles o carinho com que lhes conservas o retrato da forma física ultrapassada; contudo, ser-te-ão muito mais reconhecidos sempre que lhes reconstituas a presença através algum ato de bondade a favor de alguém, cuja memória agradecida lhes recorde o semblante em momentos de alegria e de amor, que nem sempre no mundo puderam cultivar. Decerto, sensibilizam-se ante a flor que lhes ofertas às cinzas, mas se regozijam muito mais com o socorro que faças a quem sofre, doado em nome deles, pelo qual se sentem mais atuantes e mais vivos, junto daqueles que ficaram... Quando mentalizes os supostos desaparecidos na voragem da morte, pensa neles do ponto de vista da imortalidade e do progresso. ...Reverencie aqueles que partiram na direção da Vida Maior, mas converte saudade e pesar em esperança e serviço ao próximo, trabalhando com eles e por eles, em termos de confiança e reconforto, bondade e união, porquanto eles todos, acima de tudo, são companheiros renovados e ativos, aos quais fatalmente, um dia, te reunirás.”(FCXAVIER - Encontro Marcado – Emmanuel – Cap. 24, Pág. 82-83 - 6 ed. – FEESP)

“Essa compreensão de que a morte não é o fim, mas um episódio inevitável, de transição, não impede o espírita de verter lágrimas ante o corpo inerte do ser amado. Emmanuel, na mensagem “Ante os que partiram”, pondera: “Nenhum sofrimento, na Terra, será comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio”. A compreensão espírita apenas não o deixa eternizar o sofrimento, pois sabe que a separação é temporária, e que, além disso, a vida física não é a principal para as almas, malgrado sua importância, mas simples etapa destinada a favorecer-lhes o resgate de erros, o aprendizado indispensável à conquista da perfeição”. (Martins Peralva, O Pensamento de Emmanuel, Cap. 04).


B.   DURANTE O DESENCARNE


d.1) Como se dá a Desencarnação

“(...) a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Esses laços se desatam, não se quebram.

Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa a vida orgânica.
A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem possibilidade de volver a vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela, ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se tem podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em certos indivíduos é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição.
Esse caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas”. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Perg. n° 155).


d.2) A debilidade do corpo físico, durante o desencarne, facilita a percepção da realidade extra-física ?

— É Dimas! — exclamou, indicando o enfermo — assíduo colaborador dos nossos serviços de assistência, faz muitos anos. Veio de nossa colônia espiritual, há pouco mais de meio século, consagrando-se a tarefa obscura para melhor atender aos divinos desígnios. Desenvolveu faculdades mediúnicas apreciáveis, colocando-se a serviço dos necessitados e sofredores....
....O enfraquecimento físico atingira o ápice e Dimas conseguia deixar o aparelho corporal, de certo modo, com extraordinária facilidade.
Vendo-nos, perto do leito, pôs-se em ardente rogativa, pedindo-nos colaboração. Estava exausto, dizia; no entanto, mantinha-se calmo e confiado.
Aconselhado por Jerônimo, acerquei-me do enfermo, aplicando-lhe passes magnéticos de alívio sobre o tecido conjuntivo vascular. O abdômen conservava-se pesado e enorme. Revelaram-se, porém, sensações imediatas de reconforto.
Seguindo-se ao meu auxílio humilde, Jerônimo dirigiu-lhe palavras de encorajamento e prometeu voltar, mais tarde. Dimas, enlevado, endereçava ao Céu comovedor agradecimento. (André Luiz – OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XI - pág. 175 – FEB)

Notei, todavia, que Cavalcante era absolutamente alheio à nossa influenciação. Nada percebia de nossa presença ali, verificando que ele, apesar das elevadas qualidades morais que lhe exornavam o caráter, não possuía bastante educação religiosa para o intercâmbio desejável.
Dos quadros que havíamos observado naquele dia, esse era, sem dúvida, o mais triste. Além das vibrações do ambiente perturbado, o operando não oferecia fácil ensejo à nossa atuação.

— Tenho tido dificuldade para mantê-lo tranqüilo — dizia Bonifácio, inclinando-se para o Assistente — em vista dos parentes desencarnados que o assediam de modo incessante. Não obstante os trabalhos de vigilância que garantem o estabelecimento, muitos deles conseguem acesso e incomodam-no. O pobrezinho não se preparou, convenientemente, para libertar-se do jugo da carne e sofre muito pelos exageros da sensibilidade. E muito embora o abandono a que foi votado, tem o pensamento afetuoso em excessiva ligação com aqueles que ama. Semelhante situação dificulta-nos sobremaneira os esforços. (André Luiz – OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XI - pág. 183/184 – FEB)

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